sábado, 19 de abril de 2014


VAGUEANDO DO PÓS ATÉ O PROVÁVEL

Esse corpo não mais existe,  foi substituído por  um mais gordo, mais pesado,  preguiçoso, mas também muito expressivo,  e  ainda com vontade de dançar. O que vou fazer não sei,  juntar os pedaços que sobraram e renascer como a fenix, do nada, criar muitos corpos. Vou tentar. Acabei de ver o último filme de JEAN COUTEAU, FEITO EM 1959, “O testamento de Orfeu”, onde ele filma a própria morte, e se coloca diante de sua obra, em cobrança, muito lindo...assustador e corajoso.

Dessa forma me coloco diante da dança, improvável, insuspeita, insolúvel, insatisfeita...nossa quantos "INS", mas é isso,hoje...é isso,quando a dança moderna existia, dançava-se, agora, tudo é dançar, então fica uma abertura maior para a criação, mas ao mesmo tempo, cai a qualidade e cresce a quantidade.Me lembrei de "O REINO DA QUANTIDADE E O FIM DOS TEMPOS"(René Guenon) e continuamos rolando ribanceira abaixo,deixando o improvável entrar e conviver com ele. Me dá um alento ver o improvável também na obra de outros artistas, me acalenta, ver COTEAU dizer que não sabe de onde surgiram suas idéias.ELE, realizado na sua arte.Quando li VIRGINIA WOOLF, em seus diários contando os tostões para ver se o dinheiro dava para pagar as contas,fiquei conformada, porque meu dinheiro mal dava para sobreviver. Mesmo assim criei 2 filhos, já casados e felizes e agora estou aqui sozinha e mais uma vez me aconchego a minha dança, meu PORTO SEGURO, minha arte. As vezes penso que a arte é uma doença, porque quando você começa não consegue mais parar, mas ela também é UM PORTO SEGURO, mesmo dentro da loucura, se está melhor quando se está com ela.sem ela é um vazio e só coisas desconexas, o mundo é muito chato sem a arte,apenas UM MUNDO MECANICISTA.

Ensaio maravilhoso feito pelo meu amigo JAIRO TORRES, ótimo fotógrafo que captou o momento que meus cabelos voavam.


"O TESTAMENTO DE ORFEU" de Jean Coteau. O momento que um personagem pede para ele, Jean Coteau, mostrar sua abilidade, e ele pega a flor, que foipisoteada, esmagada, está morta,e a recria através do cinema, que é uma de suas artes.

Um comentário:

  1. Esse corpo com desejo de dançar, de se movimentar é a força interior que move o seu viver. Quero te ver dançar como indio na rede! Como bruxa no japones! Mta saudades dos ensaios e de alimentar o desejo de voltar a dançar de verdade!

    ResponderExcluir